terça-feira, 2 de outubro de 2012

O dia de hoje foi pesado!Já saí para a ação de acompanhamento pedagógico na cidade do Rio de Janeiro me perguntando o que afinal está acontecendo nas escolas. Ontem, a notícia de uma professora baleada na porta de uma escola em São Paulo, vítima de um assalto. Um menino de 12 anos "cai" de uma janela do 5º andar do Colégio São Bento, uma das escolas mais tradicionais da cidade. A serviço de quem estão as escolas? Participando deste (e de tantos outros) acompanhamentos, visitando escolas em áreas urbanas, periferias e zonas rurais, encontramos quadros muito parecidos, fruto da violência social que vem sendo perpetrada há séculos... Alunos que não sabem ler chegaram ao ensino médio. Casos de agressão entre os alunos, entre eles e os professores. Chacinas em campus pelo mundo afora e até em escolas da cidade maravilhosa...

A visita de hoje foi bacana, emocionante. Um professor comprometido, acompanhando a transformação de seus alunos, pois acredita no afeto, no acolhimento. Conheceu as histórias de vida de cada um de seus alunos - coisa que antes, com turmas e mais mais turmas para "dar" aulas a cada 50 minutos não conseguia.
Meninos e meninas descobrindo o prazer de aprender, de conhecer coisas novas, de participar de aulas práticas, vivas, dinâmicas, agora já sabem fazer contas, agora conseguem ler um texto e entender do que se trata.

Mas chego ao hotel e encontro uma colega de equipe que, a caminho de seu trabalho, teve o carro abordado por bandidos armados e foi vítima de grande violência. O mais dramático, segundo ela, não foi o assalto em si, mas a situação de um dos meninos que, ao saber que ela é professora, entrou em choque. Começou a pedir aos outros bandidos a devolução de seus pertences e, agarrado nela, chorando convulsivamente, pedia perdão pelo que havia feito. Foram momentos tensos de grande emoção, onde os dois choravam, num abraço impactante. Minha colega disse que nunca mais vai conseguir esquecer aquele menino. Na delegacia, soube que o bando pode até ser eliminado, pois nas comunidades não se aceita que roubem professores.

E aqui continuo a pensar na escola e professor. E há escolas e escolas, professores e professores.
Uns, entram armados numa escola e fuzilam quem estiver pela frente. Outro, sabendo-se assaltante de uma professora agarra-se a ela e pede perdão.

E estamos nós, em plena ação "pelo desenvolvimento do ser", trabalhando pela educação, buscando apoiar professores em sua grande missão, que não é mais apenas dar aulas, transmitir informações ou conhecimentos, mas atuar para a formação de pessoas plenamente humanas, sensíveis, livres, críticas, que trabalhem conscientemente para um mundo melhor.

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